surto de toxoplasmose

Infectologista reforça que cuidados para prevenir a toxoplasmose ainda são necessários

Joyce Noronha


Foto: Charles Guerra (Diário)
Na Escola Pinheiro Machado, na Região Oeste, a diretora Elisabeth Damarco destaca que ferve água para oferecer aos estudantes

Mais de um mês depois do surto de toxoplasmose ter iniciado em Santa Maria, as autoridades em saúde ainda não apontam a fonte da transmissão. Por isso, cuidados para evitar a infecção são muito importantes. A infectologista Jane Costa destaca que este não é o momento para relaxar com a prevenção, principalmente as pessoas dos grupos de risco - gestantes, pessoas com imunidade baixa e crianças de até dois anos de idade. 

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Para a Jane, encontrar a fonte de transmissão da doença é importante, mas pode ser um caminho muito longo e, talvez, inconclusivo, então, ela reforça que a prevenção deve ser absoluta. A infectologista lembra que alimentos devem ser ingeridos apenas quando cozidos, frutas somente sem casca e a água precisa ser fervida por pelo menos um minuto. 

- Não podemos pensar que está tudo bem porque passamos de um mês. Agora é hora de reforçarmos os cuidados e redobrarmos a atenção - diz a especialista.

MUITO CUIDADO 
Algumas escolas de Santa Maria decidiram por lacrar ou desativar os bebedouros, já que uma das fontes possíveis apontadas seria a água da torneira. No colégio municipal Pinheiro Machado, no bairro de mesmo nome, Região Oeste, a vice-diretora geral, Elizabeth Regina Demarco, conta que o pedido é que os responsáveis mandem as crianças para a escola com uma garrafa de água mineral ou fervida. 

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A direção da escola, que atende cerca de 550 estudantes, também utiliza água fervida para a confecção da merenda e deixa algumas garrafas de água que passaram pela fervura para oferecer aos alunos que esqueceram ou não levaram água para a escola. 

E as crianças entendem porque precisam ter cuidado. O pequeno Leonardo da Costa, 6 anos, do 1º ano do Ensino Fundamental, diz que a água "está cheia de bichinhos", por isso não pode beber direto da torneira.

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Além da escola, a reportagem também conversou com moradores do Bairro Pinheiro Machado para saber quais os cuidados que eles têm com a água. A aposentada Alvenira Cardoso, 54 anos, diz que compra água mineral para que a família tenha o que beber. Já para cozinhar, ela utiliza água fervida. 

Já a babá Francine Fernandes, 20 anos, conta que na casa em que trabalha a recomendação é sempre ferver a água, para consumo e para cozinhar. Ela decidiu levar o costume para a própria casa, como forma de prevenção.

Principais sintomas  

  • Dor de cabeça e garganta 
  • Febre
  • Ínguas (linfonodos aumentados, ou seja, gânglios espalhados pelo corpo)
  • Manchas pelo corpo: exantema máculo-papular (vermelhidão em forma de pequenas manchas e pápulas)
  • Confusão mental
  • Convulsões
  • Encefalite
  • Aumento do fígado e do baço
  • Moléstias pulmonares (pneumonite) e cardíacas (miocardite)
  • Dificuldade para enxergar que pode evoluir para cegueira
  • Problemas de audição
  • Lesões na retina (coriorretinite)

Como prevenir 

  • Ferver a água por, pelo menos, 1 minuto. Depois de fervida, é preciso deixar a água esfriar em recipiente fechado e guardá-la também fechada
  • Lavar as mãos com água corrente e sabão ou detergente, antes e depois de manipular alimentos
  • Evitar tomar água não filtrada em qualquer ambiente
  • Não comer alimentos crus, frutas e vegetais produzidos no solo por jardinagem
  • Não consumir carnes cruas ou malcozidas, incluindo quibe cru e embutidos (linguiça, salame, copa e outros)
  • Congelar a carne a -12ºC por 48 horas
  • Evitar manuseio direto com solo, incluindo jardins, parques. Caso seja necessário, usar luvas e lavar bem as mãos após a atividade
  • Evitar o contato direto com fezes de animais
  • Após manusear carne crua, lavar bem as mãos e toda a superfície que entrou em contato com o alimento, inclusive os utensílios utilizados
  • Não consumir leite e seus derivados crus não pasteurizados
  • A caixa de areia de gatos deve ser limpa diariamente, utilizando luvas e pá de lixo
  • Alimentar animais com carne cozida ou ração, não permitindo que os mesmos façam a ingestão de animais caçado

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